sexta-feira, 16 de julho de 2010

Ações para a sustentabilidade e o poder da informação

O desejo de ser feliz, de ser aceito, respeitado, reconhecido em sua sociedade é bem humano e tem impulsionado nossas vidas. Entretanto, a sociedade de consumo conseguiu capturar nosso imaginário com a falsa idéia de que para sermos felizes ou reconhecidos, precisamos ter em vez de ser! Precisamos trabalhar para trocar nosso tempo de vida útil por dinheiro, para com este dinheiro ter acesso aos bens que irão atender às nossas legítimas necessidades e também aos nossos desejos de felicidade e reconhecimento. Cada produto que consumimos, tem seus recursos retirados de um único lugar, o Planeta, e seus restos gerarão lixo que serão destinados também a um único lugar, o Planeta! Não existe ‘lá fora’ no Planeta Terra. As pedras que atirarmos para cima cairão em nossas cabeças, ou nas cabeças de nossos filhos e netos! As conseqüências das mudanças climáticas e do esgotamento dos recursos naturais atingirão a todos, mas as perdas serão maiores para aqueles que não dispõem de recursos para se defender, como os mais pobres.

Então, ao lado dos problemas climáticos, e não com menor gravidade, está o consumismo que nos leva a promover a destruição de mais de 20% dos recursos naturais do Planeta, além da capacidade de regeneração da natureza, para produzir bens que muitas das vezes sequer serão consumidos! Por isso é urgente adotar ações e medidas e desenvolver técnicas e conhecimentos que permitam avaliar corretamente onde, quanto e como estamos rompendo os limites da natureza e também como evitá-los, atenuá-los ou compensar estes danos. Também é importante voltarmos o nosso olhar para outras culturas, como as de nossos povos tradicionais, indígenas, caiçaras, caboclos, não para viver como eles, pois cada um tem seu estilo de vida, mas para aprender com eles como é possível sobreviver respeitando os limites da natureza. Infelizmente, nossa cultura de consumo, onde o dinheiro foi transformado em quase um ‘deus’, onde a cultura subsistência é considerada pobreza, não acha que tenha nada a aprender com estes povos e os trata como um ‘estorvo’ ecológico, ou como exóticos e incapazes. Mas, até quando?

Em nome de atender à necessidade de todos, uma pequena parcela da humanidade tem apropriado-se dos recursos naturais para acumular imensas riquezas e imenso poder. Para não correr o risco de perder estes privilégios, estes poderosos usam de meias verdades e até mesmo de mentiras para manter o restante da humanidade mais que submissa, desejosa de alcançar os mesmos padrões de riqueza e poder, em vez de pretender combatê-los! Esta dominação não se dá pela força das armas, mas pela força das idéias, transmitidas através dos meios de comunicação de massa, e principalmente através da propaganda, do rádio e da televisão. Não é por um acaso que estes meios de comunicação de massa sejam controlados por meia dúzia de famílias poderosas, não é por que estejam comprometidos com o esclarecimento e a libertação da sociedade da escravidão do consumismo, mas é por que estão comprometidos com este modelo que faz e mantém poderosos e privilegiados.

Estrategicamente, nossas necessidades humanas de consumir, para atender necessidades de comer, morar, vestir, alimentar, etc., foi explorada para nos induzir ao consumismo. O individualismo, a competição, o materialismo, a ganância, a mesquinhez, a indiferença passaram a ser valorizados como positivos, numa sociedade onde exibir sinais de riqueza é confundido com felicidade ou sucesso. É falsa a idéia de que exista uma corrida pelo progresso e desenvolvimento, onde os melhores e mais merecedores chegaram antes, como os ricos e os países do chamado ‘Primeiro Mundo’. É falsa por que se todos alcançarem o mesmo padrão de consumo, não haverá Planeta Terra de recursos naturais para todos! No entanto, vivemos tentando reproduzir os mesmos hábitos de consumo, e elegemos os países do ‘primeiro mundo’ como ideal a ser perseguido!

É falsa a idéia de que o problema em nossa sociedade é devido ao crescimento populacional. Se a quantidade de gente num lugar fosse determinante para avaliar a maneira com lidamos com os recursos naturais, então, em cidades com poucos habitantes o meio ambiente estaria preservado! Se gente demais fosse o problema, gente de menos seria a solução, e está longe disso. Uma única pessoa com uma caixa de fósforo sozinha no meio de um imenso cerrado pode causar mais danos à natureza que milhões de pessoas vivendo de maneira sustentável numa cidade! Ao lado da sociedade de consumo somos também a sociedade do desperdício! Quase a metade dos alimentos produzidos é desperdiçada, ou por que apodrecem pelo caminho, ou por que o preço de mercado não compensa sua venda, ou por que deixamos sobrar no prato, etc.! Então é mentira que existam milhões passando fome por que o Planeta já não consegue produzir alimentos para todos.

Gandhi tentou nos alertar quando disse que “a Terra tem o suficiente para a necessidade de todos, mas não para a ganância de uns poucos”.

autor: Vilmar Berna - www.escritorvilmarberna.com.br

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